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Participei recentemente de um pequeno curso de história da Inteligência Artificial, criado por uma das big techs do setor. Todo em português, com uma apresentadora brasileira e tudo o mais. Eis que, logo nos primeiros módulos, ela solta dois “ao final do dia, blá blá blá alguma coisa…” em menos de cinco minutos (e não, em nenhum momento as frases se referiam ao final de um determinado dia, se é que me entendem). Esbocei uma careta, confesso.
Para piorar, ela foi repetida várias vezes nos módulos seguintes.
Primeira constatação: o conteúdo foi produzido em inglês. Tudo bem.
Segunda: a tradução automática correu solta e entregou um resultado, no mínimo, pobre.
Será que a batalha do “ao final do dia” já está perdida ou ainda temos uma chance?
Se já perdemos essa, prometo (mas não garanto) que vou tentar seguir com a vida e não voltar a esse caso.
Se ainda houver esperança, sigo: eu não sou contra as IAs, as traduções automáticas ou coisa do gênero. Ao contrário, acho que essas novidades têm que nos servir, agregar agilidade e qualidade ao nosso trabalho. Então, se a ideia é delegar uma tradução exclusivamente a uma ferramenta automática, que tal ensiná-la antes um português natural e agradável? Ou então botar um humano para ir lá revisar e melhorar o resultado? Existe um elemento de zelo pela língua (qualquer uma) que não podemos perder de vista.
Entendo que “ao final do dia”, “no fim do dia” e suas variações sejam apenas (mais) um exemplo de traduções literais descabidas e incapazes de agregar valor ao nosso linguajar, que ignoram expressões já consagradas e com bom histórico de serviços prestados à língua potuguesa.
Não sei dizer se o uso específico dessa tradução foi uma escolha deliberada ou pura falta de zelo (revisão) e acho que pouco importa saber, esse tipo de tradução merece a nossa atenção pois entendo que tem implicações na nossa profissão e, no limite, na nossa língua.
Um dos meus palpites para o futuro conversa muito com o conteúdo do pequeno curso que me trouxe até aqui, quando aborda o matemático Alan Turing e o célebre teste que recebeu seu nome.
Explico: no dia em que as traduções automáticas (em qualquer par de idiomas, em qualquer área do conhecimento) forem no mínimo tão maravilhosas quanto as dos melhores humanos (e não duvido que chegará esse dia), a ponto de ser impossível diferenciá-las, serei eu mesmo um defensor de que os humanos se metam a fazer coisas mais úteis e deixem as traduções para as IAs. Isso, claro, falando apenas de traduções, pois as IAs têm aplicações em várias outras áreas e problemáticas das mais diversas que merecem atenção e regulação. Até lá, parece que ainda temos um longo caminho a percorrer.
No fim das contas, a IA ainda tem muito o que aprender. E se os tutores somos nós, ainda temos muito o que ensinar.
Para saber (um pouco) sobre Alan Turing e essa tal de IA:
Curso Aberto: A História da IA | Escola Virtual Gov
História da IA: de Alan Turing aos dias atuais | Asimov Academy
What Is Artificial Intelligence (AI)? | IBM